sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Para a minha flor de lis.





Minha flor de lis. Lembra quando te chamava assim, querida? Aí você vinha dizendo que não sabia o que era lis, por isso não queria ser chamada dessa maneira.
Perdoe-me, filha , por ter esperado 17 anos para escrever-lhe uma carta. Perdoe-me também por não ter salvado você daquele acidente terrível, perdoe-me por ter te deixado partir. Apenas agora criei coragem para falar sobre isso, filha. Aqui em casa, ainda sinto tua presença. Seu quarto continua do mesmo jeito que você deixou ao sair com seu namorado que também nos deixou.
Acho que não deu tempo de ensinar-te como a vida é de verdade. Não deu tempo de falar sobre os rapazes que se drogam, que bebem, que dirigem, que matam, assim como aquele, aquele que te ...
Perdoe a minha fraqueza, eu sei que você está bem, sei que está sorrindo aí do alto e sei que pedirá a Deus para mandar forças para eu suportar a dor maior da minha vida. Sei também que você está ocupando seu posto, cumprindo as suas tarefas, afinal, você é um anjo, minha lis.
Esta carta, na verdade, é apenas para agradecer os dezessete anos que você me fez sorrir. Agradecer pelos abraços e pelos carinhos que você sempre me deu. Agradecer pela filha maravilhosa que você é e sempre será. Agradecer pelo cheiro da flor de lis que ainda exalo aqui nas suas roupas, no seu quarto, na nossa casa, no meu coração.
Aproveito para te pedir uma coisa, minha querida. Não deixe o sentimento de vingança invadir meu coração, apesar de ele já está batendo na minha porta agora. Afaste-o de mim e permita que eu seja um anjo assim como você.
Amo-te muito, minha florzinha de lis.








Acidente real em João Pessoa-Pb no mês de Julho,
ocorrido na Av. Epitácio Pessoa, na madrugada de um sábado.
Um rapaz embriagado, avançou o sinal vermelho e bateu seu carro contra o das vítimas onde também estava o pai da "flor de lis", o único sobrevivente.
A carta também é real, porém, essa foi uma invenção minha.
A verdadeira carta foi publicada em uma revista do estado da Paraíba.



terça-feira, 16 de agosto de 2011

Por saudade.

Aquele ar úmido beijou meu rosto quando eu abri a porta, mas em troca recebeu minha careta de desagrado.
Tudo continuava como antes: As paredes mofadas, os móveis e sofá cheios de poeira, que fez o favor de entrar em minhas narinas e me fazer soltar um grande espirro. No quarto, a cama ainda estava desarrumada. Após quanto tempo? Um mês eu acho, não me lembro. Nas minhas malas estavam a saudade, a dor e as lágrimas que fizeram o favor de molhar minha face e arder meus olhos. Perguntava-me por que eu, e logo após, o porque não eu.
Ao sair, os mesmos rostos, ou talvez, a falha da minha memória ao não perceber o quanto tudo mudou.
O meu maior desejo agora era acalmar o coração e pedir para ele ter paciência, ao menos um pouco, mas não consigo. Não sei o motivo, mas ele lateja tanto que tenho medo de pular para fora de mim. Sim. Ele conseguiria sair apenas latejando e não pulando. Consegue sentir o meu drama?
Tudo bem, eu sei que existe problemas piores do que sentir saudade, chorar de saudade e morrer por saudade, compreendo. Mas eu nunca senti tanta dor e até agradeço por isso, uma vez que, se esse sentimento (ou sei lá o que se chama, sofrimento, talvez), aumentar, eu não suportaria. Pois é, eu sou fraca, mas não desisto. Continuarei pedindo para o coração ter calma e engolindo-o a seco a cada subida na minha garganta.




Peço desculpas aos meu queridos leitores pelo post  tão sem graça.
O meu coração não consiga assimilar nada e as ideias estão confusas na minha cabeça.
Peço desculpas também, pelo tempo que posso ficar sem aparecer aqui.
Ao voltar, não esquecerei de vocês.
Um grande beijo.

Miri Fernandes.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Falsas juras.

Os meus músculos se atrofiaram, logo esses, os que eram capazes de me livrar de toda aquela dor que ainda invade meus pulmões, estômago, intestino e tudo mais que há em mim. Por alguns dias, eu jurei que nada daquilo voltaria a acontecer. Conversei com minhas lágrimas e elas tinham me prometido que não iriam mais borrar meu rosto ... Tudo em vão.
Havia tentado esquecer o sonho do próximo e realizar o meu, mas aquele, comoveu-me.
Por mais que eu tentasse seguir o meu caminho, as minhas pernas possuíam vontade própria e resolveram me contrariar, foi pro lado oposto. E agora estou aqui com o rosto molhado mais uma vez, com as pernas cansadas de andarem e não conseguir traçar o caminho correto.
Tentarei de outra forma, não sei a qual. Sentarei um pouco e pensarei por alguns instantes. Eu só quero que uma luz ilumine minha mente.
Enquanto isso não acontece, eu fecho os olhos e vejo você!

sábado, 6 de agosto de 2011

O bonde.

Atrasei-me, confesso. Eu estava arrumando a bagagem, tentando não esquecer da saudade que ainda está em mim, do desespero e da falta de coragem. A mala estava pesada, cansada do fardo que leva toda vez que invento de ir pegar o bonde. O problema é que eu nunca consigo embarcar, sempre me atraso. Já tentei mudar a minha rotina quando chega o dia, mas algo parece segurar o ponteiro do relógio e depois soltá-lo numa velocidade impressionante, não dá tempo para eu me organizar.
Dessa vez, doeu meu coração ver o bonde partir. Já estou cansada de me preparar para essa viagem, sem contar que o bonde estava repleto de ... de ... de? - Não sei mais. Acho que nunca soube, afinal nunca subi no bonde. Mas eu acho que.. acho que ... - Já não acho mais nada. Agora estou aqui, mais uma vez, sentada na cama, desarrumando as malas e entregando para mim a saudade, o desespero e a falta de coragem. Pois é, perdi mais uma vez o bonde. O bonde do amor.