Na ânsia de falar, nada sai.
Era o que estava ocorrendo naquele exato momento. Jhon
perguntava insistentemente o que acontecera, mas Lanis não sabia o que dizer,
ou, na verdade, por onde começar. Por um milésimo de segundo reviveu a tarde
anterior àquela. Há quase exatas 24 horas, observava Jhon acariciar a mão de
uma garota que ela nunca havia visto. O toque dele parecia ser um gesto normal
para a moça que não parava de jogar os cabelos de um lado para outro,
demonstrando ser um de seus charmes. Eram íntimos demais para um primeiro
encontro. Aquela traição não aparentava ser de pouco tempo.
- Jhon, eu passei pela cafeteria Street ontem a tarde. –
Lanis disse quase que em um sussurro. E, mesmo de cabeça baixa, pode ver os
olhos de Jhon estremecerem, sua testa suar e seus lábios entreabertos tentando
dizer uma palavra sequer.
Lanis não pediu para que ele dissesse alguma coisa ou que
tentasse se explicar. Ficou em silêncio. Pensou em tudo que haviam vivido
durante aqueles 6 anos e perguntou-se onde havia errado. Onde havia deixado uma
lacuna para que ele procurasse preenche-la com outra companhia. Lembrou-se do
quanto a garota era bonita, mesmo estando de costas para ela. Cabelos negros,
longos, lisos, silhueta definida e postura impecável. Devia ter um bom papo,
afinal, Jhon nem notou a presença da noiva bem atrás das portas de vidro da
cafeteria.
Jhon interrompeu seus pensamentos com um simples “Eu sinto
muito, Lani.” Costumava não dizer o ‘S’ de Lanis e argumentava que soava mais
carinhoso, ela, porém, nunca concordou com tal explicação.
Lanis sabia que aquela deveria ser uma conversa longa, com
devidas explicações e possíveis mentiras da parte dele, mas não queria que
aquilo acontecesse. Gostaria de ficar em silêncio, ouvindo o movimento da rua.
A sua noite já havia sido muito conturbada com todos os pensamentos, todas as
lágrimas, toda a dor de cabeça. Enquanto a Jhon, esse não sabia ao certo o que
deveria dizer, compreendia exatamente que deveria ficar calado por um tempo.
Olhou para sua, talvez ex, noiva e percebeu o quanto seus olhos estavam
inchados e as imensas olheiras que carregava. Sentiu-se tonto por ter sido tão
burro de ter levado Anne para a cafeteria tão visitada por Lanis e sentiu-se
mais burro ainda por ter traído uma pessoa tão maravilhosa como aquela.
Dessa vez, quem cortou o silêncio e o pensamento foi Lanis,
que enfim perguntou:
- Como você a conheceu? Como ela se chama? Por que fez isso?
Sua voz tremia, o que fez cortar o coração de Jhon. Mesmo
assim, percebeu o quanto Lanis era forte e a admirou por isso.
- O nome dela é Anne. Tem 20 anos e é estagiária do papai.
Eu a conheci quando fui até lá para entregar uns documentos que haviam chegado
em casa e a mamãe disse que eram importantes para o projeto que papai estava
fazendo e que eu deveria levá-los lá, por que ele poderia precisar naquele
mesmo dia. Assim que cheguei, esbarrei-me com Anne e deixei todos os papéis
caírem ao chão. Ela me ajudou a pegá-los e pediu desculpas por não observar por
onde andava. – Deu uma pausa e percebeu o quanto Lanis sofria ao ouvir tudo
aquilo. - Lani, acho que você não precisa saber como as coisas aconteceram.
Sinto-me um canalha e sei que sou, mas não preciso dificultar a situação para
você tendo que explicar a minha noiva como eu me interessei por outra garota.
Isso é ridículo.
- Jhon, eu não sei o que devo fazer. Como devo agir, se eu
bato em você ou se te expulso a ponta pés daqui. Foram 6 anos, como você pode?
– Começou a chorar e pensou que não ia aguentar mais falar. – O que eu fiz de
errado, Jhon? Mandar cartas todo dia do nosso aniversário de noivado? Ou será
que dizer que te amo todas as noites é demais? Ah, talvez ter deixado de ir
para a melhor faculdade de São Paulo para poder me casar com você, não é?
Você ao menos sabe a gravidade da situação? Sabe o que os
meus pais podem fazer comigo ao saber de tudo isso? Sabe, Jhon?
Lanis não encontrava forças para dizer tudo o que tinha
entalado, então apenas pediu para que ele fosse embora. Ele tentou iniciar uma
frase, mas Lanis repetiu com autoridade:
- Vá embora agora!
Ele foi.
Caiu em sua cama novamente e soluçava feito criança. Pediu a
Deus para superar aquela dor que cortava seu coração e pediu para conseguir
engolir aquela bola que sentia travar sua garganta. O que ela mais queria era o
colo de sua mãe. Era poder pedir desculpas por ter a enfrentado para viver o
amor que ela sentia por Jhon. O que ela havia ganhado com tudo aquilo?
Agora, encontrava-se em uma cidade no interior de Minas
Gerais, vivendo em um quartinho alugado e esperando o dia de seu casamento com
o rapaz que a traia há meses, ou anos, talvez. Pensou em ligar para sua casa em
São Paulo e dizer a mãe que tinha se arrependido de tudo, mas lembrou que não
ligava há 2 meses devido a última briga que tiveram por telefone.
Lanis tinha 24 anos e havia ido para Minas com os pais
passar o verão por lá quando tinha apenas 18 anos. Conheceu Jhon em uma festa
do mês de janeiro. Apaixonaram-se rapidamente e o fim do verão tornou aquele
sonho em uma terrível luta. Lanis voltou para São Paulo, mas com a convicção de
que voltaria para Minas e ficaria ao lado do rapaz que ela tanto amava. Logo
quando anunciou sua decisão para sua mãe, ouviu gritos por umas duas semanas
seguidas, mas não o suficiente para que fizesse mudar de ideia. No mês de
julho, voltou para Minas e alugou um quartinho que ficava próximo ao
restaurante onde Jhon havia arrumado um emprego para ela. Tudo aquilo era
absurdo demais, mas no pensamento dos dois jovens, era a coisa certa a se
fazer. E assim, fizeram.
Noivaram-se após 3 anos de namoro. A família de Jhon também
achava tudo fora dos limites, mas nunca tentou impedir nada. A relação com os
pais de Lanis foi morrendo a cada ano. A frequência de telefonemas foi
diminuindo e sempre que havia algum, terminava em briga. Lanis não voltou mais
a São Paulo desde os seus 18 anos. Agora, com 24, encontrava-se completamente
perdida e vendo a realidade que insistiu em não observar durante todo aquele
tempo. O rapaz por quem havia largado tudo tinha um caso com uma estagiária e
ela possuía apenas um emprego ridículo de garçonete.
Lanis chorou tanto naquela tarde que acabou pegando no sono
e quando acordou, percebeu que dormiu mais de 12 horas seguida. Bem, achava que
agora havia descansado o suficiente para pensar em uma solução e um rumo para
sua vida.
Oi, gente boa.
Eu sei o quanto estou sumida desse meu canto, mas estou voltando com algumas novidades.
Esse texto é uma primeira parte de mais alguns que estão por vir. Será uma história curta, mas espero que agradem a todos.
Prometo visitá-los e ler tudo o que perdi, mas isso requer tempo, então tenham paciência comigo.
Saudade do canto de vocês, assim como eu estava do meu.
Ah, não sei se perceberam,mas minha história ainda está sem título. Não consigo processar muitas ideias ao mesmo tempo, rs. Qualquer dica, deixe nos comentários, viu? :)
Grande beijo.
1 comentários:
Vontade de quero mais ao terminar esse texto. Ficou muito bem escrita, e retrata bem muitas historias reais, porque de fato, isso acontece bastante. E no fim, faz parte da vida não é, pelo menos serve pra gente crescer.
Sobre você andar sumida, é verdade, faz um tempo que você não aparece mesmo. E desde já digo, não some assim não ta. hehe.
Lindo conto este. Boa noite. Bjws.
"_"
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